De Piracity à Sampa – Gabriel Charaf Bdine
Imagine um céu azul, uma vista
com poucos prédios, varias casas, terrenos baldios e alguns carros. Piracicaba
era assim pra mim, uma cidade no interior de São Paulo. ´´Piracity `` me
ensinou durante 16 anos, que a pessoa não é conhecida por quem ela realmente é,
mas sim por de quem ela é filho. Em Piracicaba quando eu era moleque, sempre se andava em mini-gangues nas festas e um olhar
feio entre elas, poderia significar uma briga. Esse município me ensinou, que
para você não parecer ´´mala ``, você deveria usar shorts, camiseta regata,
boné e tênis de skatista. Se o moleque usasse algo que fosse muito diferente disso, era logo chamado de
playboy, o que não significava algo muito bom. Obviamente que estou
generalizando Piracicaba, mas a minha experiência principal lá foi essa.
Eu sempre viajava para São Paulo,
eu adorava vir pra cá. Eu visitava meus
primos, passeava pela Faria Lima e me sentia eu mesmo, pois ninguém apontava e
dizia ó o filho do fulano. Nessa selva de concreto, eu podia vestir a roupa que
eu quisesse sem ser chamado de playboy e bastava só eu mudar o sotaque e falar
´´ não to intendendo `` que eu já me
tornava um paulistano .
Aos 16 anos mudei para São Paulo,
perdi a maioria das amizades de Piracicaba, perdi a vista do grande céu azul,
não encontrei a calma do interior, virei um cara mais nervoso, bati o carro,
peguei alergia da fumaça, andei de metrô, ônibus e peguei trânsito de horas.
Aprendi, o que é não ser conhecido pela imagem de outra pessoa ( no meu caso, o
meu pai ), me ensinaram que a cultura é algo bom e é sinônimo de comunicação.
Nessa cidade eu me encontrei, vi filmes, peças de teatro, orquestras,
palestras, musicais, shows , baladas, restaurantes e uma infinidade de coisas.
Aqui eu encontrei o verdadeiro Eu e não troco São Paulo por nada .
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